REMENDO FATAL 3 DE MAIO DE 1995

REMENDO FATAL 3 DE MAIO DE 1995



Inquérito da Justiça italiana mostra que emenda malfeita na coluna de direção foi a causa do acidente que matou Ayrton Senna.

O carro continuou na sua trajetória reta quando Ayrton Senna virou o volante para a esquerda na curva Tamburello, no autódromo de Imola, na Itália. A coluna de direção da Williams-Renault quebrou se, e o piloto ficou sem nenhum controle sobre sua máquina. Tirou o pé do acelerador, brecou em seguida, mas não houve jeito. Faz um ano que Senna se estatelou contra o muro de concreto a 216 quilômetros por hora. Mas como foi possível que uma coluna de direção gasta, "fatigada", propensa a se partir, fosse instalada na FW16 de Senna? O erro começou a ser arquitetado nos primeiros testes do carro, no início de março, na França. Ao segurar o volante, as mãos de Senna raspavam na parte de fibra de carbono do cockpit. Havia duas alternativas para solucionar t problema. A primeira, mais trabalhosa, era refazer o cockpit. A outra, aumentar o comprimento da coluna de direção, aproximando o volante do piloto em alguns centímetros. A Williams se decidiu pela segunda alternativa, mais rápida e fácil de executar. A coluna de direção foi cortada pouco antes do suporte que a fixa no cockpit. A maioria dos carros de Fórmula 1 tem colunas de direção com ligas de titânio, material extremamente leve e resistente, desenvolvido pela indústria aeroespacial.

A Williams utilizava material menos nobre: aço aeronáutico, que atende às especificações técnicas, ainda que mais pesado que o titânio.

A alternativa adotada pela Williams também deixou de lado princípios básicos da física e metalurgia.

Os mecânicos fizeram o que um encanador chama de "luva", soldando-a numa das extremidades da coluna de direção já seccionada. O outro lado dessa luva, de diâmetro ligeiramente inferior ao da haste de direção, foi encaixado por dentro da coluna e soldado. Ocorre que a maior incidência de forças sempre se concentra na parte interna de um ângulo. Basta apoiar um garfo com força no prato para constatar onde ele dobra primeiro. Um ângulo reto surgiu quando foi feita a luva. "Qualquer estudante sabe que a fadiga começa sempre onde há um defeito de superfície", diz o técnico italiano que participou dos exames de laboratório.

"E foi ali que a peça do carro de Senna começou a quebrar." A barra rompeu-se exatamente onde, segundo os manuais. teria de romper: antes da solda, próxima ao ângulo reto da luva. Para que não restasse nenhuma dúvida, os investigadores pediram uma contraprova. Assim, a mesma peça foi encaminhada ao laboratório do Centro dell'Aeronautica Militare di Pratica di Mare, em Pornezia, próximo a Roma.

Seu microscópio eletrônico apontou que 70% do setor ao redor do local de fratura apresentava as famosas estrias de fadiga. Os engenheiros fizeram ainda outro cálculo, o dos fatores de intensificação de esforço.

A conclusão é clara: Senna nunca teria terminado a prova em Imola. Isso porque é a velocidade, e não o raio da curva, que estabelece o maior esforço sobre a direção. Quanto maior a velocidade, maior o esforço para tirar as rodas de sua trajetória. "Uma peça de metal submetida a esse tipo de esforço e com apenas 30% de sua superfície ainda em ordem não agüentaria mais tempo", diz um dos peritos.

A fadiga poderia ter sido detectada com antecedência? Toda vez que um carro de Fórmula 1 termina uma competição é submetido a testes destinados a detectar fadiga de material. Um dos exames é o de magnetoscopia, que se aplica sobretudo a partes como componentes da suspensão, mas ninguém costuma fazer passar por ele a coluna de direção.

A outra possibilidade seria examinar o veículo inteiro com equipamento de ultrasom, o mesmo utilizado em aviões quando há suspeita de fadiga de material. Lendo as declarações de Senna nos dias que precederam o acidente, os técnicos que participaram da comissão de investigação acham que o piloto havia detectado algo errado, mas não soubera determinar a causa. Senna falava de vibrações estranhas no carro e perdera um bom tempo ajustando suspensão, irei terminar o assunto outra hora .

Postado por: Blog da Soldagem – 12/11/2010 – 22:26
Link: http://jefferson-paulo.blogspot.com/2010/11/morte-de-ayrton-senna.html